O teatromosca é uma companhia de teatro fundada em Sintra, no ano de 1999, e que ao longo de 19 anos tem desenvolvido um importante papel na difusão e promoção de diversas iniciativas, projetos, espectáculos e eventos de cariz artístico e cultural no nosso Concelho, e que sempre se têm pautado por uma clara aposta na descentralização, para que a Cultura chegue efetivamente a todos.
Em setembro regressa a 4ª edição do Festival Muscarium que tem vindo a crescer, em termos de programação, mas também de público, o Pedro Alves (Diretor Artístico do teatromosca) revela-nos um pouco mais sobre o Festival.
Quais os maiores desafios que se colocam ao organizar o Festival Muscarium?
O maior de todos os desafios talvez seja conseguir que o festival este ano possa ser ainda mais surpreendente do que a edição anterior. No ano passado abrimos logo com um concerto muito especial do B Fachada no quintal de uma casa particular em Sintra, um espaço familiar para um concerto, verdadeiramente, intimista.
Depois, conseguimos ainda realizar um concerto de uma banda sintrense, os Them Flying Monkeys, no terraço do Centro Cultural Olga Cadaval, espaço que nunca antes tinha sido utilizado para um espetáculo, ou a surpreendente atuação do Homem em Catarse, num comboio da linha de Sintra. O concerto dos First Breath After Coma, no MU.SA – Museu das Artes de Sintra, também foi belíssimo.
E conseguimos investir ainda mais na diversidade de propostas, com espetáculos de teatro para o público geral, teatro de improviso, teatro físico, teatro para a infância, em vários espaços convencionais e não-convencionais espalhados por todo o concelho… Queremos continuar a apostar na diversidade, na qualidade, queremos continuar a surpreender as pessoas e ir procurando uma identidade para o festival que, por agora, é apenas um fortíssimo motivo para festejar a cultura em Sintra.
Depois há o problema de o próprio festival estar a crescer, a ganhar solidez e a começar a exigir cada vez mais de uma pequena estrutura teatral que, para além da organização do festival, ainda é responsável pela programação regular de um espaço na cidade de Agualva-Cacém – AMAS – Auditório Municipal António Silva – e um conjunto de criações teatrais que circulam nacional e internacionalmente.
Não é fácil, mas dá-nos imenso gozo.
O que podemos encontrar na edição deste ano?
O MUSCARIUM#4 abre logo com um concerto que, certamente, será marcante, no dia 10 de setembro: Noiserv no jardim do Palácio de Monserrate.
Quando convidámos o David (Noiserv), ele agradeceu por nos termos lembrado da música dele para um lugar tão deslumbrante. E parece-nos mesmo que será um casamento muito feliz, entre o onirismo da música do Noiserv e o cenário encantador do relvado do Palácio de Monserrate.
Acreditamos que a experiência poderá manter o intimismo que tem marcado os concertos do MUSCARIUM, mas com um lado épico, grandioso, proporcionado pela imponência do espaço onde ele decorrerá. A lotação de todos os concerto do festival continuará a ser muito limitada, porque gostamos que as pessoas nos conheçam pelo nome, que fiquem à conversa connosco e com os artistas no final de cada espetáculo, que nos venham elogiar a sangria caseira ou sugerir nomes de artistas, companhias ou bandas para as próximas edições.
Esperamos que isso aconteça também nos concertos na Quinta da Ribafria, no dia 15, com os portugueses Galo Cant’Às Duas e Paraguaii e uma versão DJ Set de um dos mais influentes grupos de música eletrónica, os islandeses Kiasmos. Será uma noite inteira de concertos, das 19h às 24h, com cerveja artesanal e petiscos caseiros, no espaço maravilhoso daquela quinta seiscentista, mas queremos que as pessoas apreciem mesmo a música, que possam estar com os artistas, que possam desfrutar do momento, dançar, sem apertos, sem outras distrações, apenas boa música, bom ambiente, gente amiga… E, depois, haverá ainda uma performance de Mykki Blanco, no dia 21 de setembro, às 22h, no MU.SA, um dos artistas mais intrigantes e mais vibrantes do hip hop atual, que promete oferecer uma atuação incendiária no mais prestigiado dos museus sintrenses. Ao nível do teatro, destacamos a performance site-specific que será apresentada no AMAS – Auditório Municipal António Silva nos dias 11 e 12 de setembro, da criadora brasileira Isadora Bellavinha, inspirada no universo literário da escritora Maria Gabriela Llansol, que viveu no concelho de Sintra.
No dia 13 de setembro, será a vez de um espetáculo de teatro de improviso pela bYfurcação no seu novíssimo espaço em S. Pedro de Sintra, o AnexXo, e, no dia 14, uma nova companhia de teatro sintrense apresenta-se ao público, o Teatro Efémero, com o espetáculo “Subsolo”, inspirado por temas como a Crise dos Refugiados. Esse é um dos pontos mais importantes do festival, a aposta na criação sintrense.
Todos os anos queremos incluir o trabalho de, pelo menos, uma companhia ou artista de Sintra. Teremos ainda teatro para bebés, no dia 16, pela Animateatro, e no dia 23, pela plataforma espanhola Nido Dadá, encenado por Adolfo Simón, que, entre 17 e 21 de setembro, vai ainda dirigir um workshop de criação de livros cénicos – momento imperdível!
Por fim, destacamos o dia francófono da edição número 4 do festival, no dia 22 de setembro, com espetáculos das companhias francesas Théâtre de la Tête Noire (“Ah! Ernesto”, às 16h, para maiores de 6 anos) e Collectif Mind the Gap! (“Le Mariage”, às 21.30h, para maiores de 12 anos) no Centro Cultural Olga Cadaval.
A que espaços e locais gostariam de poder levar o Muscarium, nas próximas edições?
Gostávamos de poder “esticar” ainda mais o festival para outros locais do concelho de Sintra, espalhá-lo ainda mais, porque é esse também um dos objetivos do festival, que agora nos serve também para anunciar a programação da nova temporada da companhia e do AMAS (2018-2019).
A imagem gráfica que acompanha o festival é aquele ser que nós chamamos “zombie”, criado pelo ilustrador Alex Gozblau, uma criatura meio cadavérica que parece mais preparada para transmitir uma infeção do que a alegria e as “good vibes” dos festivais que vemos a crescer por todo o lado.
Queríamos que esta infeção cultural se espalhasse por todo o concelho e pudesse tocar em mais pessoas. Estamos abertos a sugestões para a edição de 2020 e seguintes.
A programação de 2019 já está fechada e deverá repetir alguns espaços, como o AMAS ou o Centro Cultural Olga Cadaval. Mas poderá ainda passar pelo Parque da Liberdade, em Sintra, ou pelo espaço de uma fábrica desativada.
Se nos quiserem enviar sugestões de sítios incríveis ou menos óbvios onde pudéssemos apresentar espetáculos ou realizar concertos, ficamos à vossa espera para uma conversa em qualquer um destes dias entre 10 e 23 de setembro. Venham!
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Vida de Bairro
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Sofia Aleixo