
“Fizemos isto para sermos mais felizes”
O Nuno Morgado e a Luísa Valdez Morgado há anos que sonhavam em ter um negócio em nome próprio, “sempre foi uma ideia dos dois, ter algo que fosse realmente nosso” (Luísa).
O gosto pela cozinha e pela área da restauração, e o facto do restaurante Casa Madalena estar na família do Nuno já há imensos anos, acabou por ditar o novo projeto de vida da Luísa e do Nuno “tínhamos muitas ideias, e foi pegar em tudo o que nós tínhamos pensado, ao longo dos anos, colocar isso em prática, e agarrarmos no projeto com unhas e dentes” (Luísa).
A história da Casa Madalena remonta a 1964, ano em que a Tia Madalena e o marido começaram este negócio com uma simples taberna e um café, e mais tarde já como restaurante, café e mercearia.
A Casa Madalena era um restaurante muito famoso nesta aldeia de Sintra, sobretudo pelo cozido à portuguesa. A Tia Madalena, que já conta com muitos anos de vida, veio falar connosco, e contou-nos algumas das peripécias que se passavam no restaurante “era assim… a casa estava sempre cheia, estavam uns a comer, e outros à espera que aqueles se levantassem, depois eram os clientes que punham a mesa, iam buscar o pão, iam buscar o vinho, iam buscar tudo o que fosse preciso, era um ambiente familiar… e vinha toda a gente de Sintra aqui, o cozido tinha muita fama”.
Quando a Tia Madalena deixou de poder continuar a gerir o restaurante, o espaço foi passando pelas mãos de outras pessoas, até que chegou o momento do Nuno e da Luísa.
As obras que fizeram neste espaço, foram muito bem pensadas, sempre com o desejo de manterem algumas das peças e objectos que marcaram a história do restaurante, e por isso mesmo fizeram questão que a Tia Madalena fosse a primeira pessoa a ver o espaço renovado “estamos muito perto dela e ela consegue ver o nosso dia-a-dia e sentir que as coisas estão a correr bem, esta é uma casa que não é só um restaurante, é também uma história de família” (Nuno), para além disso a Tia Madalena continua a ser reconhecida pelos antigos clientes da casa, e a ajudar o Nuno e a Luísa no novo espaço “ainda há pouco tempo pedi-lhe uma receita e ela fez questão de a fazermos juntas, as queijadas da Tia Madalena” (Luísa).
A decoração da Petiscaria Casa Madalena é simples, familiar, e repleta de pormenores, como os guardanapos, que são panos de cozinha, os copos e os pratos, que são de tamanhos e feitios diferentes, as fotografias que revelam histórias da família, os tachos da Tia Madalena que agora são candeeiros, e sobretudo o atendimento personalizado e caloroso do Nuno que faz toda a diferença “queríamos que fosse acolhedora, que transmitisse informalidade, e onde as pessoas se sentissem em casa, e em família, para além de que aqui na zona não há nada parecido, quer em termos de decoração, quer em termos de conceito” (Luísa).
Na Petiscaria Casa Madalena não há ementas, o menu está na parede de ardósia, e aqui o conceito principal é ter uma cozinha aberta durante todo o dia, “por isso não faltam as moelas, os pipis, as ovas, a salada de polvo, os pregos e as bifanas ou o pão de Janas “e temos uma um prato que as pessoas pedem muito, e que não é normal encontrar, Sarapatel, criado por portugueses e que foi levado para a India, recriado com especiarias, um daqueles petiscos que as pessoas gostam muito” (Nuno), para além disso é também aqui, na Petiscaria que existe a melhor bifana do Carrascal.
Para o Nuno e para a Luísa está sempre presente o desejo de manterem o que faz parte da tradição portuguesa, mas ao mesmo tempo poderem também inovar, algo que a Luísa particularmente aprecia “gostamos de ter algumas iguarias com alguns apontamentos nossos, e que as pessoas acabam por gostar, como a sopa de melão ou a morcela com ananás, é engraçado ter o que é tradicional e dar um toque nosso, as pessoas experimentam e gostam porque é diferente”.
Os clientes que frequentam a Casa Madalena são muito diversificados, desde clientes do tempo da Tia Madalena, a novos clientes que chegam de outros sítios, e até de diferentes zonas do País, “é engraçado ver que muitas vezes as pessoas quando voltam já trazem os amigos e as famílias” (Nuno), “eu acho que os clientes sentem aquilo que nós queremos que é transmitir um ambiente informal e confortável e onde nos tratam pelo nome” (Luisa).
A Petiscaria Casa Madalena é muito mais do que um simples restaurante, é também uma casa repleta de histórias de família, com alma, tradição e gastronomia portuguesa, e como o Nuno nos contou “tentamos ao máximo que esteja a portugalidade aqui dentro”.
No final de tudo “nós não fizemos isto para enriquecer, fizemos isto para sermos mais felizes, e fazermos aquilo de que gostamos, por isso não precisamos de muito” (Nuno).
A Petiscaria Casa Madalena, na aldeia do Carrascal, em Sintra, é um espaço que merece ser visitado e apreciado pois esta é “com certeza uma Casa Portuguesa”.
Vida de Bairro
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